Sempre fui uma pessoa organizada. Gosto de listas, de planear e
organizar. Lembro-me de, nos meus tempos de estudante, passar algumas horas a
organizar o estudo. Por cada dia, havia uma meta a cumprir e, para mim,
resultava. Depois, casei-me. Consegui convertê-lo, durante um tempo, a uma
pessoa minimamente organizada, participativa nas tarefas domésticas. Mas, era
uma luta. Estava mal habituado. Deixava a roupa no chão quando se despia, a
toalha molhada em cima da cama, e a loiça na lava-loiças depois de comer.
Desisti das lutas diárias e assumi as lides domésticas. Depois, a Francisca
nasceu. E tivemos, ambos, de ceder. Na limpeza e organização da casa havia
inflexibilidade, e ele aprendeu a lidar com isso, e no departamento horários/vida
familiar, havia flexibilidade, e eu aprendi a lidar com isso. Funcionava. Para
nós, e a nossa dinâmica familiar, resultava. Depois, nasceram os gémeos e a
falta de organização/rigidez começou a ter consequências. Eu rendi-me ao caos.
Andava cansada, demasiado cansada para remar sozinha. Foi preciso reconhecer
que precisava de ajuda, bem mais do que aquela que ele conseguia dar, e daquela
que tinha disponível. Com o tempo fui-me apercebendo que era necessário voltar
a implementar a rigidez de horários de que havia abdicado, mas a nova rotina
não é fácil implementar, porque não dá espaço para o descanso e, por vezes, o cansaço
de uma noite mal dormida, ou a simples preguiça a que o Outono convida, vencem.
Mas, quando cedo ao cansaço, os efeitos fazem-se rapidamente sentir e o preço
não é só pago por mim, mas também por eles (refeições atrasadas, menos tempo
para saídas, mãe mais ansiosa e menos disponível). Por isso, resolvi,
finalmente, colocar ordem no caos. Tem sido um caminho longo, de sete meses,
mas acho que já posso avançar algumas dicas para as mães que, como eu, precisam
de uma casa arrumada e organizada para terem a mente nas mesmas condições.
- Estabeleçam um horário familiar (imprimam alguma flexibilidade
nesse horário, mas não muita - o ideal é que essa flexibilidade não exceda 1
hora). Partilhem esse horário com os prestadores de cuidados das crianças em
causa (pai, avós, empregada).
- Esse horário deverá refletir as necessidades e hábitos da vossa
família. Para estabelecerem, por exemplo, a hora de deitar da criança, devem
calcular quantas horas uma criança da idade em questão deverá dormir, a que
horas ela terá de acordar e, depois, andar para trás nas horas necessárias de
sono (por exemplo, a Francisca deverá dormir cerca de 10-12 horas, e tem de
levantar-se às 8h, pelo que o ideal é que se deite por volta das 21h00).
- Tenham uma agenda familiar onde possam colocar os vossos
compromissos semanais. Esta agenda deverá estar num sítio fácil de consultar (vão
acrescentando, compromissos que, entretanto, surjam).
- Façam uma ementa semanal (coordenem esta ementa com a ementa
escolar).
- Façam compras mensais (pela internet) e semanais (presenciais).
- Escolham a roupa das crianças, e a vossa, na noite anterior e
tenham-na pronta a ser usada pela manhã.
- Acordem cedo e façam uma lista de tarefas para o dia. Estabeleçam
prioridades.
- Tudo com um lugar e no seu lugar.
- Façam, pelo menos, uma máquina completa (lavar e secar/estender) de
roupa por dia (o ideal será duas, uma deles e uma vossa).
- Antes de ir dormir, deixem a casa arrumada, especialmente a
cozinha e a sala (envolvam as crianças na arrumação dos brinquedos e tenham
caixas para arrumação dos mesmos nos locais onde eles costumam brincar).
- Façam uma vistoria aos armários e às caixas de brinquedos e livrem-se
de tudo aquilo que não estiver a uso.
- Ouçam música. Não vejam televisão. A música convida à ação e a
televisão convida à preguiça.
- Não deixar para depois o que podem fazer agora!
E, agora, the ultimate tip...