segunda-feira, 2 de julho de 2012

Medos...

Já falei por aqui que a Francisca demora a adormecer. Este facto está relacionado, sobretudo, com o medo que ela tem de ficar sozinha no quarto (separação) e com o medo do "barulho" (na hora de ir dormir, os vizinhos ainda estão, naturalmente, acordados e produzem sons, que ela sente como ameaçadores, pelo que são disruptivos). 
Aqui, assumo o mea culpa, porque habituei a Francisca a adormecer no silêncio, ou, então, com o conforto permanente da presença da mãe ou do pai. 
Mas, como lamentar-me serve-me de pouco, estou, aos poucos, a lidar com os medos dela. Como?
Bem, por norma, quando o barulho aparece, tento explicar-lhe do que se trata e que é inofensivo, tranquilizando-a: "Está tudo bem, meu amor. Já passou. É só barulho. Não vai fazer mal à Francisca." De resto, o medo dos sons fortes é muito comum nestas idades, assim como o da separação, entre outros (escuro, médico, animais...). Nunca forcei a Francisca a lidar com um determinado medo, mas também nunca deixei de o abordar, tranquilizando-a e aproximando-a, gradualmente, do objecto do seu receio. Também nunca neguei os seus medos ("Não tens medo, pois não? A Francisca é forte. Não tem medo do aspirador."), ou os desvalorizei ("Não sejas tonta, Francisca. O cão não faz mal.").  
É preciso não esquecer que ter medo é uma coisa natural e que, com a abordagem correcta, estes tendem a desaparecer (por volta da idade escolar). Mais do que a preocupação em fazer com que o medo desapareça, deve existir a preocupação em estar presente para a criança, ajudando-a a lidar com o seu receio, sendo paciente, aprendendo a ouvir e respeitar o seu ritmo. A abordagem deve ser, portanto, gradual e não forçada, mais emotiva do que racional (os medos tendem a resistir à lógica). 
Outras dicas: Como sou muito apologista da leitura, se encontrar um livro que aborde o medo concreto do seu filho e que o possa ajudar a superá-lo, utilize-o (muitas vezes, as personagens encontram maneiras criativas de lidar/ultrapassar os seus medos). Os bonecos também podem ser excelentes aliados, se os fizerem sentir mais seguros (há crianças que preferem a fralda, um cobertor, etc.). Com a Francisca, por exemplo, na hora de ir dormir, utilizamos a fralda e, por vezes, um coelho. 


Fica a receita contra os medos: uma boa dose de paciência, uma medida grande de carinho e uma pitada bem generosa de criatividade.

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