Digo sempre isto ao meu marido: “Não entres numa
batalha com ela na hora da refeição porque, certamente, vais sair perdedor... e
corres o risco de tornar a hora da refeição a hora da batalha. Insiste, insiste
e depois desiste.” De facto, não há como obrigar uma criança que não quer comer
a comer, nem faria sentido que se pudesse. Afinal, nós também temos momentos de
maior e menor apetite, ou, quando estamos doentes, momentos em que, pura e
simplesmente, não queremos comer.
Sei que há crianças muito difíceis para comer,
também sei que esse não é o caso da Francisca e, como tal, não compreendo
inteiramente o desespero porque passam alguns pais. Mas, a Francisca também
passou por momentos de menor, ou nenhum, apetite, geralmente, relacionados com
alguma maleita, e sei que é difícil manter a calma depois de termos passado horas
a preparar um belo manjar para, a seguir, vê-los a cuspir tudo, porque não lhes
agradou, porque estão doentes, ou, pura e simplesmente, porque não estão para
aí virados.
Talvez seja útil relatar o último episódio. No
passado fim-de-semana a Francisca começou a recusar comer sólidos à hora da
refeição, comia a sopa e a fruta, mas deixava o prato principal. O pai insistia
que era birra/manha, até porque ela tinha comido algumas bolachas à hora do lanche, eu achava que não, que alguma coisa diferente se passava. No domingo,
resolvemos testar a teoria do pai com o prato favorito dela: pizza. Comeu duas
fatias e o pai, todo inchado, olhou para mim e disse: - “Está muito doente a
nossa filha. Não te disse que era birra?” Eu fiquei contente por ela ter
comido, mas nada convencida da teoria birra/manha. Afinal, quando há um comportamento
tão fora da norma, sem motivo aparente, há que considerar todas as opções, por
isso, marquei pediatra. E a piolha (mais uma vez, sem febre ou prostração) estava doente. Desta vez, um vírus, que trouxe aftas pouco simpáticas e bem escondidas
(a garganta e o ouvido esquerdo também estavam um pouco inflamados, mas nada
que justificasse antibióticos). Contudo, a piolha tinha razão em queixar-se.
Como passámos a perceber a origem do comportamento, deixámos de nos preocupar com o mesmo (sabíamos
que ia ser uma questão passageira). Caso contrário, o vírus também acabaria por passar,
mas, muito provavelmente, teríamos insistido, comprado batalhas sem sentido à
hora da refeição.
Por isso, o meu conselho continua a ser o mesmo:
“Insistam, insistam, e depois desistam.” Sem dramas. Deixem que as crianças
aprendam a ouvir os sinais do próprio corpo, respeitem esses sinais (por
exemplo, quando elas dizem que já estão satisfeitas), e não comprem batalhas sem sentido e condenadas ao fracasso.
Olá!
ResponderEliminarE se sempre, mas sempre a criança não tem vontade de comer? se é uma criança sem apetite ou pura e simplesmente preguiçosa e gulosa só do que gosta; que fazer? Tem alguma teoria ou prática? Gostava que ma contasse, por favor. Exemplo, uma criança com 5 anos só come se lhe derem á boca e mesmo assim com muito custo e muita conversa! Desesperante, mesmo.
Olá! Antes de mais, obrigada pelo feedback. Brevemente, colocarei no blog algumas dicas/estratégias para ajudar a facilitar a hora das refeições. Mas, o que quis deixar claro neste post é que a hora da refeição não deve ser um duelo de vontades, porque distorce o que devia ser um momento prazeroso, agradável, e porque estamos condenados ao fracasso (a criança tende a resistir, numa afirmação da sua autonomia/independência, se se sentir forçada a comer).
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