Por estes dias, tenho tido uma nova companhia: as insónias. Dizem que, nesta fase da gravidez, é normal e consequência das alterações hormonais, da dificuldade em adoptar uma posição confortável para dormir, e da ansiedade que esta fase acarreta, assim como de outros incómodos relacionados com a recta final da gravidez (cãibras, azia e dores nas costas). Para mim, passa por todos estes factores, mas noto que a ansiedade aumentou substancialmente com a perspectiva do parto. O parto da Francisca não foi tranquilo, nem fácil (em termos médicos, foi uma "extracção difícil") e a verdade é que, depois de passarmos por uma cesariana, a ideia cor-de-rosa, passada pelos filmes, do momento do nascimento de um filho voa pela janela. Para começar, a epidural é desagradável e, no meu caso, deu direito a um quase desmaio (que exigiu que fosse virada como um frango no churrasco) e, no pós-parto, comichões e tremores terríveis. Depois, sempre pensei que com a epidural não ia sentir nada. Errado! Não senti dor, mas senti tudo! O bisturi a cortar a pele e os tecidos, as mãos dos médicos a revirarem-me as entranhas e a pressão (ai, a pressão!) para arrancarem a "criatura" das minhas entranhas. Honestamente, a visão que tenho do momento do parto, agora, está mais para filme de terror do que para sonho cor-de-rosa, e toda a gente sabe que os filmes de terror e o sono não são bons companheiros.
Se é verdade que, depois, vale tudo a pena?
Sem dúvida!
Se é verdade que, para algumas sortudas, o parto, mesmo que de cesariana, é uma experiência cor-de-rosa, com melodias de aleluia no fundo?
Claro (e ainda bem)!
Mas, não foi a minha experiência e, se até há bem pouco tempo estava tudo esquecido nos recantos da minha memória, agora, as vivências dessa altura estão mais presentes do que nunca e não são uma companhia nada agradável, nem as insónias que elas acarretam.
A azia, ter dois jogadores de futebol (bem, pelos movimentos, estão mais para jogadores de rugby ou futebol americano) dentro da barriga, e as dores musculares também não ajudam, mas não vale a pena tentar tapar o sol com a peneira e que a ansiedade relacionada com o parto também está presente, está.
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Esta imagem não é da minha cesariana. Felizmente, o marido teve o bom-senso de não filmar, ou fotografar, os pormenores mais desagradáveis e explícitos do processo (embora, infelizmente, tenha feito um vídeo da minha cara e dos barulhos que produzi nos momentos de tentativa de extracção da Francisca para manterem viva a memória...). |
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