quarta-feira, 7 de março de 2012

Infertilidade

Este tema não é fácil: Infertilidade! Ao ler o que se escreve na internet sobre o assunto percebi o que já suspeitava: este tema é pesado, para quem o escreve, porque pesa a responsabilidade, e para quem o vive, porque pesa...bem, tudo! As expectativas defraudadas, os sonhos postos em causa, as pressões exercidas, a angústia e a tristeza, as incertezas, a relação, por vezes, distorcida, comprometida... Talvez, porque se trata de uma questão tão complicada e diversa, este é um tema que é vivido, e debatido, a portas fechadas, talvez por um bom motivo (é infinitamente pessoal), mas com um preço: o que não se partilha, não se pensa, o que não se divide, não se aligeira, o que só faz com que as pessoas que vivem com esta questão fiquem isoladas, numa “bubble”. 
Os motivos que podem levar à infertilidade são muitos e devem ser sempre, e não posso frisar demais este ponto, debatidos com um especialista. Não tenho pretensões dessa magnitude, não sou especialista em infertilidade, não lidei com ela quando tentei engravidar, nem na minha experiência como psicóloga (prestei ajuda a gestantes e parturientes, mas não a casais com dificuldades reprodutivas), mas conheço pessoas que viveram, e algumas que ainda vivem, com este “fardo”. 
Gostaria apenas de frisar alguns pontos, que me parecem relevantes: dizer a alguém que está a tentar engravidar para andar relaxada, “zen” – palavra muito na moda -, é um erro! é óbvio que vão existir momentos de ansiedade, tensão, e aceitá-los, acolhê-los, é meio caminho andado para que não tenham tanto peso; não insistam em questões do género “Então, quando é a vossa vez?” –  nunca sabemos o que se esconde atrás de quatro portas e pode ser que esse casal, que não parece interessado em ter filhos,  já ande a tentar, o que só vai aumentar a pressão que sentem para engravidar; não há culpados, ter um filho é sempre um salto de fé e, como todos os saltos, alguns podem causar algumas “escoriações”, sejam elas visíveis ou não (emocionais ou físicas); embora não pareça, como o meu terapeuta frisou (sim, porque acredito que todos beneficiamos com ela, e porque tenho pretensões de ser uma boa psicóloga, faço terapia), há uma enorme diferença entre tentar engravidar e deixar de prevenir uma gravidez, talvez pareça insignificante, mas, se pensarmos bem no assunto, é uma mudança de paradigma que pode ajudar, e muito, a aliviar a pressão que o casal sente para engravidar; tentar engravidar deve ser uma jornada vivida a dois, que pode trazer momentos de alegria, expectativa, ansiedade, tristeza, desilusão, mas, acima de tudo, partilha; por fim, ou talvez no começo, ter um filho pode ser um sprint ou uma maratona, pode ser uma corrida que vencemos ou que nos dá por vencidos, mas não nos retira valor enquanto seres humanos. 
Nunca se sabe o que a vida nos reserva, mas fica o desejo: que todos os vossos sonhos se realizem e, se isso não puder acontecer, que encontrem conforto noutros sonhos, também feitos à vossa medida.


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