Como pais, temos tendência a gabar os feitos dos nossos
filhos e, quando isso acontece, geralmente, surgem as comparações.
Ainda no outro dia, quando saímos à rua com a
Francisca, vimos uma avó a ficar muita aflita porque a neta, que já era mais
velha do que a Francisca, era mais pequena, não articulava tão bem as palavras,
e era mais desengonçada a correr (quando o pai contou, como pai babado que é,
que ela já sabia os números e as vogais, a senhora ia tendo uma síncope). Igualmente,
inúmeras vezes, especialmente quando a Francisca era mais pequena, vimos os
pais a olharem desconfiados para os próprios rebentos, perguntando-se como é
que existia uma diferença tão marcada (a Francisca sempre se situou no
percentil 95/90 nas medidas peso e comprimento, quando não ultrapassava). E nós, inchados de orgulho,
mas compreendendo a aflição dos outros pais, lá explicávamos que não existem
duas crianças iguais, e que a Francisca não podia ser encarada como a regra
porque, de facto, fugia era à norma (percentil 50).
Quase todos os pais têm aquelas conversas, que mais
parecem “lutas de galos”, em que listamos os feitos dos nossos filhos, para,
logo a seguir, ouvirmos os feitos dos filhos dos outros e, quando damos pelas
horas, passámos quase toda a “reunião” a compararmos as proezas das nossas
crianças.
O pediatra Mário Cordeiro no livro “O Grande Livro
do Bebé” refere: “Todos nós queremos que os nossos filhos dêem nas vistas. No
fundo, todos nós gostamos também de dar nas vistas e de ser o centro das
atenções... essa faceta narcisista ficou-nos da infância, é inútil negar, e o
nosso ego também precisa de ser estimulado.”
Não sei se passa por dar nas vistas, mas certamente
estimula o nosso ego. Até porque reforça que estamos a fazer bem o papel mais
importante das nossas vidas: sermos pais.
Dito isto, é importante resguardar que as crianças
não são todas iguais, desenvolvem-se a ritmos diferentes e que não devemos
ficar muito presos/preocupados com aquilo que os livros e os outros pais dizem
que já devia ter acontecido. Há que apreciar cada criança individualmente,
celebrar as suas conquistas/capacidades, e aceitar as suas particularidades/limitações.
Trata-se, no fundo, de aceitarmos que não somos todos iguais e
percebermos que, apesar das diferenças, se o nosso(a) filho(a) for saudável e
feliz já vencemos ;).
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